Desde a infância somos incentivadas a rivalidade, somos ensinadas que mulheres são invejosas e que melhores amigos são homens, pois não sentem inveja.
Somos ensinadas a repararmos roupas, maquiagens, cabelos de outras mulheres e as inferiorizar para nos sentirmos melhores.
Somos ensinadas a criticar quem tem autoestima, quem posta foto de biquíni, quem não tem corpo magro padrão, a criticar quem se sente bem usando roupas curtas.
Ouvimos músicas que incentivam a disputa: recalcada, inimigas...
Assistimos novelas com cenas épicas de brigas entre mulheres que lutam pelo mesmo homem. Aprendemos que não devemos elogiar outra mulher, assim estaremos depreciando a nossa beleza.
Não conseguimos entender que cada uma tem a sua beleza, que a outra mulher pode ser bonita e você também.
A rivalidade feminina faz parte do machismo estrutural, que nos faz acreditar que não somos capazes de nos unir, que essa capacidade pertence somente aos homens. Quantas vezes reproduzimos que os homens são unidos, que homens não fazem fofoca e que isso é coisa de mulher, que homem não compete com o outro e que isso é coisa de mulher. Interiorizamos isso e acreditamos que certas características são exclusivas de mulheres, como se isso fosse fator biológico.
Atrelamos essa competição ao culto excessivo à estética, a necessidade de seguir a cartilha do casamento e filhos, algo que parece distante, coisa de nossas avós, como se manter num casamento mesmo que apanhasse ou fosse traída ainda é bem comum nos dias de hoje. Somos ensinadas que temos que brigar entre si para conquistar um homem. Temos que nos arrumar para que um homem nos ache bonita e mais bonita que outra mulher. Tudo gira em torno da conquista amorosa/sexual do sexo oposto.

Esqueça que um dia te contaram que as mulheres são rivais, invejosas interesseiras, falsas, fofoqueiras, nada disso é natural da condição feminina. Assim como os homens, as mulheres possuem todo tipo de sentimento, seja ele bom ou ruim.

Não estou aqui dizendo que temos que passar pano para quem nos ofende ou quem quer o nosso mal, até porque Ubuntu e Sororidade é pra quem tem, mas alguns sentimentos ou julgamentos que fazemos podem ter relação com o que infelizmente nos é passado desde a infância numa sociedade extremamente machista.

Não somos inimigas!