6 formas de morrer se você for uma pessoa negra no Brasil

by - março 21, 2018

É um tema forte, eu sei, mas necessário. O racismo institucional age de forma velada nas engrenagens das organizações e relações, sempre colocando pessoas de grupos raciais descriminados em desvantagens no acesso a benefícios gerados pelo Estado e por demais instituições e organizações.
Eu diria que o racismo atinge a população negra em todos as esferas, principalmente nos quesitos saúde física e mental, violência policial e violência doméstica. Separei alguns casos que repercutiram muito na mídia e que não são casos isolados, vemos casos como esses se repetindo diariamente com ou sem cobertura da mídia. Pessoas brancas morrem todos os dias, mas certos tipos de crimes ocorrem mais com pessoas negras por todo um contexto racial, social e politico.

Todas as histórias selecionadas ocorreram com pessoas negras e foram retirados do Google, através de uma busca simples de alguns dos muitos casos que mais me marcaram.


1- Violência policial - Os casos abaixo, mostram descaso com vidas negras, violência exagerada, ações abusivas e a confirmação de que ser negro é condição padrão para revista policial e motivo para tirar vidas de forma esdruxula.

O cabo da PM Hélder Roberto Gomes da Silva, do 20º BPM (Mesquita), admitiu que se confundiu no momento em que Luis Guilherme dos Santos deixou a mochila cair, na última quarta-feira, e atirou no rapaz, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Luis Guilherme trabalhava com produção de eventos. Ele e os dois amigos tinham desmontado um palco no Shopping Nova Iguaçu e voltavam os equipamentos para a empresa quando ocorreu a abordagem policial, segundo o relato de testemunhas à família do jovem. O rapaz chegou a ser levado para o Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), mas não resistiu aos ferimentos.

Jovem é morte com tiro na cabeça após PMs confundiram saco de pipoca que estava em sua mão com drogas.

O adolescente Jhonata Dalber Matos Alves, 16 anos, morto com um tiro na cabeça durante uma ação policial no Morro do Borel, na Tijuca, na Zona Norte, estava com um saco de pipoca na mão quando foi baleado. Os moradores acusam os PMs confundirem o pacote com drogas e atirarem no jovem.

Cinco jovens foram mortos após carro ter sido alvejado por policiais. Com 111 tiros, jovens morrem após voltarem de um lanche.

Cinco jovens morreram na madrugada deste domingo (29) após terem o carro alvejado por policiais militares em Costa Barros, zona norte do Rio. Segundo familiares e vizinhos, eles voltavam do Parque de Madureira, também na zona norte, quando foram surpreendidos por PMs que atiraram contra o carro. Entre as vítimas, dois eram menores de idade.
Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20 anos, Wesley Castro Rodrigues, de 25 anos, Cleiton Corrêa de Souza, de 18 anos, Carlos Eduardo da Silva de Souza, de 16 anos, e Roberto de Souza Penha, de 16 anos, morreram após terem o carro em que estavam receber 111 tiros, os jovens, que voltavam de um lanche no dia 28 de novembro.

2- Descaso na prestação de socorro

Eram cerca de 9h desse domingo, quando uma viatura do 9º BPM (Rocha Miranda) descia a Estrada Intendente Magalhães, no sentido Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio, com o porta-malas aberto. Depois de rolar lá de dentro e ficar pendurado no para-choque do veículo apenas por um pedaço de roupa, o corpo de uma mulher foi arrastado por cerca de 250 metros, batendo contra o asfalto conforme o veículo fazia ultrapassagens. Apesar de alertados por pedestres e motoristas, os PMs não pararam.
 Ainda segundo a assessoria, os policiais encontraram a vítima baleada na Rua Joana Resende, ponto mais alto da comunidade. Ela foi levada para o Hospital Carlos Chagas, mas não resistiu.Mãe de quatro filhos, Claudia, conhecida no Morro da Congonha como Cacau, era auxiliar de serviços gerais do Hospital Naval Marcílio Dias, no Lins. Nascida e criada em Madureira, ela ainda cuidava de quatro sobrinhos. A vítima faria 20 anos de casada com o vigia Alexandre Fernandes da Silva, de 41 anos, em setembro deste ano.
As imagens do vigilante, negro, agonizando e se contorcendo de dor em frente ao hospital Santo Expedito, em Itaquera, foram parar na internet, onde repercutiram porque denotaram suposta omissão de socorro por parte de médicos e enfermeiros da instituição.
O caso é investigado pelo 53º DP (Parque do Carmo), onde familiares já prestaram depoimento. Testemunhas disseram à polícia que funcionários do hospital teriam se recusado a atender o paciente, já que ele não tinha convênio médico.
Olharam para ele agonizando por 50 minutos, e, alegando que ele estava bêbado, (não o atenderam) por pura discriminação, puro descaso de classe social, racial, todo tipo de discriminação com quem mora na periferia e não tem recursos necessários para ser atendido”, disse o cunhado da vítima, o metroviário Delcídio de Souza, 57 anos.

3- Violência doméstica, feminicidio, mortalidade materna

58,86% das mulheres vítimas de violência doméstica são negras.
Balanço do Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher/2015 » 53,6% das vítimas de mortalidade materna, são negras

SIM/Ministério da Saúde/2015 » 65,9% das vítimas de violência obstétrica são negras

Cadernos de Saúde Pública 30/2014/Fiocruz » 68,8% das mulheres mortas por agressão, são negras. 

Diagnóstico dos homicídios no Brasil (Ministério da Justiça/2015) » Duas vezes mais chances de serem assassinadas que as brancas.

Entre 2003 e 2013, houve uma queda de 9,8% no total de homicídios de mulheres brancas, enquanto os homicídios de negras aumentaram 54,2%

Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil (Flacso, OPAS-OMS, ONU Mulheres, SPM/2015)
4- Aborto

A criminalização do aborto atinge mais mulheres negras.
Mulheres negras têm duas vezes e meia mais chances de morrer durante um aborto do que as mulheres brancas. Provenientes da classes sociais mais pobres, elas costumam não ter condições financeiras para pagar por um procedimento seguro e recorrem a métodos caseiros com maiores riscos de complicações. E diante de um aborto mal sucedido, estudos mostram que elas têm maior dificuldade no acesso a serviços de saúde, o que aumenta o risco à vida dessas mulheres.
 Fonte: https://www.huffpostbrasil.com/2017/09/28/por-que-a-criminalizacao-do-aborto-mata-mais-mulheres-negras_a_23226664/

5- Parto
Os números do Ministério da Saúde mostram que enquanto o número de casos de mortalidade materna (óbitos durante e logo após a gestação e inclui abortos) cai entre as mulheres brancas, ele sobre entre as negras. Em 2007, 62.503 mulheres morreram em decorrência da gestação, sendo 45,5% brancas e 46% negras (soma de pretas e pardas).
Fonte: https://www.huffpostbrasil.com/2017/09/28/por-que-a-criminalizacao-do-aborto-mata-mais-mulheres-negras_a_23226664/

6- Depressão, ansiedade e doenças crônicas.
"Segundo a Psicóloga e neuropsicóloga Maitê Lourenço, adjetivos pejorativos, como “feia”, “macaca” ou frases ditas por familiares, colegas e outras pessoas como “ninguém vai te querer assim” fazem parte do contexto diário das mulheres negras, gerando sentimentos de menos valia, baixa autoestima e introspecção. Com isso, pela violência do racismo, há possibilidade de que a depressão, ansiedade e outras doenças crônicas, como asma e fibromialgia, acometam essas mulheres. 
A humilhação social também é um dos sofrimentos psíquicos causados pela solidão da mulher negra, pontua Lourenço. Essa mulher sente-se humilhada por perceber que não corresponde ao que é esperado para sua idade, classe social, escolaridade e ambiente familiar. Timidez excessiva, irritabilidade, ansiedade intensa, hipertensão, depressão, obesidade, uso abusivo de álcool e outras drogas também são consequências, dentre muitas outras, do processo vivido por estas mulheres”, destaca Maitê Lourenço.

Fonte: https://www.huffpostbrasil.com/2017/09/28/por-que-a-criminalizacao-do-aborto-mata-mais-mulheres-negras_a_23226664/
Mãe morre de tristeza após assassinato do filho por PMs no RJ.
Joselita de Souza, mãe do menino Roberto, que foi morto com outros quatro amigos na Chacina de Costa Barros com 111 tiros disparados por PMs, morreu após soltura de acusados. Joselita recebeu atendimento psicológico do governo do Rio de Janeiro, mas não foi o suficiente.










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